LULA, A DIGNIDADE COMO LEGADO

O que tem dominado meu devaneio é o desejo de compartilhar com todos uma alegria: serei avô, logo chegará Isabela, a nossa Bela. E ela, assim como eu, terá como primeiro presidente um democrata. É… Nasci em janeiro de 1964, meu presidente era JANGO e a Bela, que chegará em abril, terá a felicidade de ter Lula como presidente (idiossincrasias podem parecer coisas bobas, mas não são; são símbolos de grande significado).

Lula é o presente para Isabela e para todas as gerações futuras, sua dignidade é o legado e o fundamento necessário às nossas vidas, é exemplo, é bussola, é caminho…

A vitória de Lula e a chegada de Isabela, a nossa Bela, renovaram as nossas esperanças. Fui em busca de significados. Luiz, ou simplesmente Lula, é dignidade, significa combatente glorioso, guerreiro, é uma variante de Luís, nome originado no germânico Hloddoviko, Chlodovech e Isabela significa “consagrada a Deus” é variante de Elisabete, nome de origem hebraica e surge a partir do hebraico Elishebba. É um nome categorizado como teofórico, pois traz o nome de Deus incorporado (El, que significa “Deus”, e sab, que significa “juramento”).

Tenho pensado muito na Bela, no seu poder, na alegria que ela traz para os nossos corações, mesmo antes de podermos tê-la nos braços, e, principalmente, no que posso legar a ela de verdadeiro, de verdade e de significativo.

Como legar alguma ‘verdade’ se a ‘verdade’, segundo Nietzsche, seria apenas uma ilusão, uma enganação que tomamos como ‘valor de verdade’ e serviria para manter nossos corpos adestrados? Eu não gostaria que a Bela fosse dócil e adestrada, mas sim voluntariosa e livre, como Celinha e uma guerreira valorosa, como Lula.

Fui ficando cada vez mais inquieto, pois se a ‘verdade’ é mera ilusão, vivemos na Matrix? Se for isso preciso deixar para a Bela bussolas, mapas e as sementes do desejo de libertação e de subversão, para que ela, a nossa Bela, armada com a palavra libertadora – liberdade em movimento -, lidere uma revolução que vai subverter a hipocrisia e instituir um mundo sem medos e mentiras. Mas como? Tomando para si a dignidade que Lula representa.

Vou contar histórias para a Bela. A mim caberá contar para ela histórias que a ajudem a liderar, vencer medos, sepultar culpas e debochar do cruel substantivo “pecado”, invenção humana para aprisionar vidas e almas.

Para a Bela vou contar histórias de heroínas como Hipácia, matemática, astrônoma, pensadora da Antiguidade, que nasceu em meio ao caldeirão cultural de Alexandria – atual Egito; a história da vida de Joana d’Arc, santa, mártir ou bruxa?

Contar sobre a vida heroica de Dandara, esposa de Zumbi, guerreira capoeirista que lutou batalhas para preservar o Quilombo dos Palmares; há ainda Maria Quitéria de Jesus, baiana, heroína brasileira que entrou para o exército nacional, o Batalhão dos Voluntários do Príncipe, vestida como homem lutou a Guerra da Independência disfarçada de homem.

Vou contar para a Bela sobre Nísia Floresta, nascida no Rio Grande do Norte, no início do século XIX, primeira educadora feminista do Brasil, a primeira mulher a publicar textos em jornais, escreveu livros em defesa dos direitos das mulheres, dos índios e dos escravos, entre eles está “Direito das Mulheres e Injustiças dos Homens”, primeira obra brasileira a falar sobre direitos das mulheres à instrução e ao trabalho; Marie Curie Cientista polonesa, primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel, ganhou dois em áreas diferentes (química e física).

Falar sobre Patrícia Galvão será divertido. Pagu, nascida em São João da Boa Vista, SP (terra natal do meu amigo João Fernando Alves Palomo), foi escritora, poeta, tradutora, jornalista, cuja obra trata da defesa da mulher pobre e critica o papel conservador feminino na sociedade.

Simone de Beauvoir, presente qualquer debate sobre feminismo, pois sua obra criou as bases do feminismo, será uma das heroínas que apresentarei para a Bela.

Bela vai conhecer a vida de Bertha Lutz, bióloga e educadora que teve influência direta na aprovação do voto feminino; vou contar para ela sobre a vida revolucionária da atriz Leila Diniz, símbolo da revolução feminina em no Brasil retrógrado dos anos 1960 e 1970 e a de Rose Marie Muraro, voz do feminismo brasileiro, talvez a mais importante delas.

E há tantas mulheres maravilhosas no nosso tempo que ensinam tanto, vou contar sobre Luiza Erundina, Benedita da Silva, Dilma Rousseff, Ana Angélica Marinho, Marcia Quintanilha, Frida Barbosa, Lídice da Mata, Izalene Tiene, Ophelia Reinecke, Clara Ant, Marilena Chauí, Marcia Tiburi, Manuela D’avila, dentre outras tantas que empunham a dignidade, como escudo e aríete.

Vou contar também histórias das heroínas da família, mulheres fortes que tanto combateram para dar aos seus filhos e filhas um elemento que se tornou essência da nossa alma: a dignidade do nosso nome, princípio que nos leva a ter uma conduta proba, virtuosa, corajosa, e que nos permite gozar de respeito e sermos livres.

Vou contar essas histórias e outras tantas, mas de forma divertida, para que o tempo possa amplificar o significado de cada uma, pois se palavras não explicam muito, se tudo é de fato complexo, elas fazem pensar nas infinitas possibilidades do caminhar e nas escolhas, pois lugar de mulher é onde ela quiser.

Enfim, o presente para a Bela é a esperança e a dignidade que Lula representa e o presente ao mundo será a Bela, semente de amor e semeadora de esperança e luta.

Hoje não trago reflexões, mas devaneios, desejos ver o Brasil grande e fraterno, desejo de oferecer à minha neta, tudo que me parece válido, verdadeiro e valioso para essa vida e para todas as outras, para a liberdade e para o caminhar fraterno e solidário, pois ela é o presente, é certeza da vida eterna.

Pedro Benedito Maciel Neto, 58, advogado – www.macielneto.adv.br – pedromaciel@macielneto.adv.br

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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