QUEDA DA IMPORTAÇÃO GERA SUPERÁVIT NO PAÍS

Balança comercial ficou positiva em US$ 3,2 bilhões em agosto, impulsionada por uma diminuição mais forte das compras externas do que das exportações brasileiras

A balança comercial do Brasil teve superávit (exportação maior que importação) de US$ 3,284 bilhões em agosto, valor recorde para o mês desde 2017. Apesar disso, o cenário do setor externo é delicado.

O resultado positivo não foi provocado por um aumento considerável das exportações. Mas, sim, por uma queda mais forte das importações, ou seja, há menos investimento.

Em agosto, as compras do País chegaram a recuar 8,4%, na média diária, contra igual mês de 2018, somando negócios de US$ 15,6 bilhões. Já na comparação com julho de 2019, as importações caíram 13,3%.

Os dados foram divulgados ontem pelo Ministério da Economia. A valorização do dólar para cima de R$ 4,00 durante o mês passado foi o que impactou o resultado das compras externas do País, segundo observa a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto.

“A baixa das importações ocorreu basicamente por conta do câmbio. Continuaremos a verificar essa dinâmica em setembro também”, comenta a especialista.

Isso deve ocorrer, porque a expectativa é de que o dólar continue alto, em meio ao ambiente de desaceleração do crescimento global e das incertezas causadas pela guerra comercial entre Estados Unidos (EUA) e China.

Em agosto, as exportações brasileiras somaram US$ 18,853 bilhões, queda de 1,7% na comparação anual e retração de 8,5% em relação a julho de 2019, na média diária.

A diminuição das importações de bens de capitais (-35,0%) e combustíveis (-34,0%) foi que puxou a queda das compras externas em agosto, contra igual mês de 2019. Houve retração também em bens de consumo (-7,0%) e bens intermediários (-2,0%).

Com relação a bens de capital, reduziram as compras, principalmente, de plataformas de petróleo, caminhões, máquinas e aparelhos mecânicos, unidades de processamento digital, entre outros.

Leila Pellegrino, professora de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas, comenta que o dólar mais elevado pode prejudicar a aquisição de máquinas, equipamentos e insumos das empresas nacionais, afetando, dessa forma, os investimentos.

Pellegrino ressalta também que a queda das importações também reforça a fraca recuperação econômica que o País vive. No segundo trimestre de 2019, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil avançou 0,4% em relação ao primeiro trimestre e 1% na comparação anual.

Retração do saldo. Todo esse ambiente de incerteza global só reafirma a tendência de perda de fôlego da balança comercial brasileira. Em 2017, o saldo comercial do País chegou a bater recorde, ao chegar a US$ 67 bilhões diante do bom desempenho das exportações do agronegócio.

Contudo, o superávit recuou para US$ 58,3 bilhões em 2018 e deve fechar o ano de 2018 em US$ 52 bilhões, nas projeções da economista-chefe da Reag. Pasianotto projeta ainda mais um recuo da balança em 2020, para US$ 48,5 bilhões. “Esses números representam uma certa estabilidade nos nossos fluxos de comércio”, comenta. Ela avalia que o bom volume de reservas internacionais que o Brasil tem ainda é capaz de proteger o País de choques.

Pellegrino afirma, por sua vez, que além do desaquecimento das economias globais, outros fatores tornam o nosso setor externo mais vulnerável como a crise na Argentina, a guerra comercial e o relacionamento diplomático um pouco mais frágil entre o Brasil e a União Europeia (UE), diante das questões das queimadas na Amazônia e polêmicas provocadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Acumulado no ano

De janeiro a agosto, as exportações somaram US$ 148,853 bilhões, uma queda de 5,2%, pela média diária contra igual período de 2018. Já as importações totalizaram US$ 117,094 bilhões, queda de 2,8%, pela média diária, sobre o mesmo período do ano anterior, para cerca de US$ 121,230 bilhões.

Com isso, a corrente de comércio alcançou cifra de US$ 265,947 bilhões, representando queda de 4,2% sobre o mesmo período anterior, pela média diária, quando totalizou US$ 279,125 bilhões. O saldo comercial acumulou superávit de US$ 31,759 bilhões, valor 12,9% inferior, pela média diária, em relação a 2018.

FONTE: DCI
Fonte: 05/09/2019

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